quinta-feira, 16 de abril de 2020

1º BIMESTRE - HISTÓRIAS DE ALFABETIZAÇÃO: DAS PRÁTICAS COTIDIANAS ÀS POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARTE 1 E 2

RECAPITULANDO NOSSA ÚLTIMA AULA

ARTIGO ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: UM POUCO DE HISTÓRIA[1]
REVISTA EDUCAÇÃO EM DEBATE
DE
Helena Campanholo Bordignon*
Marilane Maria Wolff Paim**
Educação em Debate, Fortaleza, ano 39, nº 74 - jul./dez. 2017

Texto adaptado tendo como base o artigo Alfabetização no Brasil: Um pouco de História

Como pensar educação sem refletir sobre alfabetização?
Segundo o artigo, estudar, compreender a história da alfabetização é muito importante, pois ela é um dos aspectos mais significativos da educação, do ensino. Como ter acesso ao conhecimento no mundo, principalmente, no mundo atual, sem ler e escrever? Há tanto para aprender, fazer, transformar, conhecer, ser... E a leitura e a escrita são ferramentas muito importantes!

  “Como compreender a educação moderna sem  conceber  a  habilidade  da  leitura como requisito de um repertório intrínseco à própria constituição da modernidade? Aliás, em um país como o Brasil, estudar a alfabetização é um dever” (BOTO, 2011, p. 1).

Alfabetização sempre é um assunto que não se esgota no Brasil. Nossa história é marcada por um grande número de pessoas que não tiveram acesso, desde muito tempo, à escrita e à leitura. O que nos levou a um alto índice de analfabetos. Para terem uma ideia, em 1920 o Brasil tinha 75% da população, analfabeta.
O acesso à educação até o século XIX era restrito a poucas pessoas, um verdadeiro privilégio! Ler e escrever quase não fazia parte da vida cultural, do dia a dia das pessoas. Com a extensão, a ampliação da escola é que esse acesso, aos poucos, vai sendo ampliado. O ler e o escreve passam a ser organizados, ensinados de forma sistematizada, estruturada por professores. No entanto, essas mudanças não são de uma hora para outra. Tudo na educação, como em qualquer setor da sociedade, requer investimento, vontade, decisão... E nem sempre, os investimentos, as decisões e ações foram efetivamente instrumentos de mudança satisfatória no campo educacional. Logo, essa ampliação foi muito lenta... E até hoje, percebemos o tanto de dificuldades que o campo educacional ainda enfrenta.
No final do século XIX, a educação, e claro, a alfabetização, segundo o artigo, sofrem mudanças significativas, principalmente no campo pedagógico, ou seja, as teorias que dariam e dão apoio às práticas do ensino, que fundamentam as práticas docentes. Essas teorias pedagógicas trouxeram estudos que se voltavam para a necessidade da adoção, utilização de métodos de para ensinar a ler e a escrever.
Outro fato importante é o surgimento da Psicologia entendida como Ciência. A Psicologia também trouxe muitas contribuições., pois a partir dela, passou-se a discutir, a estudar, a pensar o caráter psicológico da criança. Quem é a criança? A criança é um pequeno adulto? Como ela se desenvolve? Essas questões também contribuíram para o “Como alfabetizar crianças”., priorizando as questões didáticas (a técnica de ensinar, os recursos para ensinar etc.) com base na definição das habilidades visuais, auditivas e motoras da criança.

“Nesse mesmo período, com o surgimento da psicologia, começou-se a discutir o caráter psicológico da criança no processo de alfabetização. “Empreendida por educadores, essa discussão prioriza as questões didáticas, ou seja, o como ensinar, com base na  definição  das  habilidades  visuais,  auditivas  e  motoras  do  aprendiz” (MORTATTI, 2011, p. 44).

Mas qual método seria o melhor? Era preciso ensinar a ler e a escrever utilizando um método. Mas qual?

Com o tempo surge uma grande disputa no campo das teorias pedagógicas. Um grupo novo de estudiosos da área queria implementar um novo método, chamado MÉTODO ANALÍTICO para ensinar a leitura. Por outro lado, havia um grupo que defendia o MÉTODO SINTÉTICO, em especial, o chamado método de SILABAÇÃO.

Mas que seria Método Analítico e Método Sintético???

No último bimestre desse ano, estudaremos os métodos com mais detalhes. No momento, vamos dar uma olhadinha breve para entendermos um pouco do que se trata cada um deles.

Antes, vamos lembrar o que é Didática:
Didática é a técnica, como fazer...

E método? Método é o caminho!

SINTÉTICO – CAMINHO DA PATE PARA O TODO
ANALÍTICO – CAMINHO DO TODO PARA A PARTE

Quando ensinamos, escolhemos um caminho e o como trilhar esse caminho. O caminho é o método, o como
trilhar é a técnica.


CONTINUAÇÃO – AULA SEGUINTE

Método Sintético
Fonte MÉTODOS E DIDÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO: HISTÓRIA,
CARACTERÍSTICAS E MODOS DE FAZER DE PROFESSORES
Isabel Cristina Alves da Silva Frade
Centro de alfabetização, leitura e escrita
FaE / UFMG

É um conjunto de métodos que sistematizam o ensino da leitura e da escrita, partindo das partes para o todo.
Fazem parte desse conjunto três caminho, três métodos:
a)      Alfabético  - parte da letra
b)      Fônico        - parte do som das letras
c)       Silábico     -  parte da sílaba


a)       Alfabético
Inicia o ensino a partir do conhecimento das letras. Letras são partes das palavras que juntas, em um contexto, formam frases que unidas formas períodos e juntos, formam textos.



(Imagem retirada da internet - http://alunomonitor-lie.blogspot.com)

Consistia em apresentar partes mínimas da escrita, as letras do alfabeto, que, ao se juntarem umas às outras, formavam as sílabas ou partes que dariam origem às palavras. Os aprendizes, primeiro, deveriam decorar o alfabeto, letra por letra, para encontrar as partes que formariam a sílaba ou outro segmento da palavra; somente depois viriam a entender que esses elementos poderiam se transformar numa palavra. Mais tarde, criou-se o procedimento de soletração, que gerou exaustivos exercícios de “cantilenas” (cantorias com os nomes das letras e suas combinações) e também o treino com possíveis combinações de letras em silabários. Essas atividades eram sem sentido, porque demorava-se a chegar ao significado. Imaginem uma pessoa decorando e cantando combinações (be-a-ba, be-e-be, etc.) e soletrando para tentar decifrar a palavra bola: “be-o-bo, ele-a-la = bola”. (página 23)

a)       Fônico
O ensino partia do som de cada letra, ou seja, o fonema. Por isso, o nome FÔNICO.

(imagem retirada da internet - https://www.pensarcursos.com.br
       (imagem retiradas da internet – blog Psiqueasy)

“(...)princípio é de que é preciso ensinar as relações entre sons e letras, para que se relacione a palavra falada com a escrita. Dessa forma, a unidade mínima de análise é o som.
Segue o texto:

“Segundo Braslavsky (1988), no método fônico começa-se ensinando a forma e o som das vogais. Depois ensinam-se as consoantes, estabelecendo entre consoantes e vogais relações cada vez mais complexas. Cada letra é aprendida como um som que, junto a outro som, pode formar sílabas e palavras. Para o ensino dos sons, há uma sequência que deve ser respeitada, indo-se de relações diretas entre fonemas e grafemas para relações mais complexas. Na organização do ensino, a aprendizagem da relação fonema/ grafema é o principal objetivo.” (página 25)

a)                Silábico
Inicia o estudo a partir das sílabas.

“No método silábico, a principal unidade a ser analisada pelos alunos é a sílaba. No entanto, em várias cartilhas, o trabalho inicial centra-se nas vogais e seus encontros, como uma das condições para a sistematização posterior das sílabas.
No desenvolvimento do método, geralmente é escolhida uma ordem de apresentação, feita segundo princípios calcados na ideia “do mais fácil para o mais difícil”, ou seja, das sílabas “simples” para as “complexas”. São apresentadas palavras-chave, utilizadas apenas para indicar as sílabas, que são destacadas das palavras e estudadas sistematicamente em famílias silábicas. Estas são recompostas para formar novas palavras. O método permite que se formem novas palavras apenas com as sílabas já apresentadas e formam-se, gradativamente, pequenas frases e textos, forjados para mostrar apenas as combinações entre sílabas já estudadas.” (página 27)

(Imagem retirada da internet - http://educadoraadriana.blogspot.com)



1 - Numere a segunda coluna, de acordo com a primeira, identificando as ideias-chave contidas
nos métodos:
(1) Método alfabético
(2) Método fônico
(3) Método silábico

( ) Elege como unidade o fonema, ressaltando as relações diretas entre a cadeia sonora e a representação (2)
escrita.
( ) Prioriza o ensino do alfabeto e a identificação de letra por letra para o reconhecimento de sílabas e palavras. (1)
( ) Toma como unidade mínima as sílabas e as reorganiza para compor novas palavras. (3)
( ) Elege como unidade o texto, por considerá-lo uma unidade que leva à compreensão (fica em branco)

2 – Responda
  1 – Até o final do século XIX a educação era privilégio para poucos, e claro, o aprendizado da leitura e da escrita. Por quê?
R: Infelizmente, a educação nunca teve grandes investimentos.E durante muito tempo ler e escrever não fizeram parte da vida cultural de muitas pessoas. No final do século XIX é que se inicia um processo de sistematização do ensino e o oferecimento do espaço escolar, claro que muito precariamente. Sendo assim, ainda era uma oportunidade negada para a grande maioria da população.
  2 – No final do século XIX o ensino da leitura e da escrita passa por transformação devido ao surgimento da Psicologia e seus estudos aplicados à educação. O que a Psicologia trouxe de inovação para o processo de ensino da leitura e da escrita?

R:  A Psicologia trouxe, em seus estudos, contribuições para a educação, em especial, para o ensino da leitura e da escrita, pois trouxe a compreensão mais ampla, naquele momento, para os educadores, de como era o desenvolvimento da criança o que levou os educadores a priorizarem cada vez mais o "como ensinar", ou seja, as questões didáticas no que diz respeito ao ensino da leitura e da escrita para os pequenos, considerando as habilidades motoras, visuais, auditivas etc para essa aprendizagem.

______________________________________




[1]  Artigo oriundo da Dissertação de Mestrado intitulada Alfabetização e letramento: concepções presentes no ensino da linguagem escrita.* Mestra em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Professora efetiva na Secretaria Municipal de Educação do município de Santiago do Sul (SC). Endereço para correspondência: Linha Molossi, s/n, interior, CEP 89.854-000, Santiago do Sul (SC). Correio eletrônico: loritabordignon@hotmail.com** Doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professora titular da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Atua no Programa de Mestrado em Educação e no Curso de Pedagogia da UFFS. Pesquisadora e líder do Grupo de Pesquisa em Educação, Formação Docente e Processos Educativos. É bolsista CAPES do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), coordenando o subprojeto PIBID Pedagogia. Endereço para correspondência: Rua Hernann Spernau, n.º 60, apto. 3081, Água Verde, CEP 89.037-506, Blumenau (SC). Correio eletrônico: marilanewp@gmail.com

Prestem atenção

Questão 2.1 Antes do final do séc. XIX o ensino da leitura e da escrita não era sistematizado. A escola conforme entendemos hoje, ainda não era uma realidade para todos. Os que tinham acesso a esse conhecimento, era o clero, os . escribas e nobres (alguns). A partir do final do século XIX é que essa realidade começa mudar com a sistematização do ensino e a expansão de espaços escolares, no entanto, o acesso ao aprendizado da leitura e da escrita era mínimo, sendo ainda um privilégio para poucos. A própria prática de ler e escrever não fazia parte da vida cultural da maioria das pessoas. Uma triste realidade que explica o fato de, no caso do Brasil, termos até hoje, além de outras causas que se seguem na História do país, um grande número de analfabetos ou analfabetos funcionais.
Questão 2.2 A Psicologia trouxe conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, o caráter psicológico da criança... A partir do momento que se entendeu melhor como se dá esse desenvolvimento motor, psíquico (pensamento) e da inteligência (cognitivo), os educadores voltaram seus olhares para o "como ensinar às crianças", considerando esse desenvolvimento de habilidades, na época, vistas como imprescindíveis à alfabetização, que eram as habilidades visuais, auditivas, motoras etc.

Nenhum comentário: