Método Analítico (continuação)
Fonte MÉTODOS E DIDÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO:
HISTÓRIA,
CARACTERÍSTICAS E MODOS DE FAZER DE PROFESSORES
Isabel Cristina Alves da Silva Frade
Centro de alfabetização, leitura e escrita
FaE / UFMG
Fonte ARTIGO ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: UM POUCO DE
HISTÓRIA1
Lorita Helena Campanholo Bordignon
Marilane Maria Wolff Paim
Lorita Helena Campanholo Bordignon
Marilane Maria Wolff Paim
Os
métodos analíticos iniciam seu caminho do todo para as partes. Partem da
síntese para a análise. Observam o todo e seguem para as partes analisando-as. Fazem
parte desse conjunto, três caminhos, três métodos:
a)
Palavração - parte da palavra.
b)
Sentenciação - parte de uma unidade mais completa, a frase.
c)
Global - parte do texto.
Bom lembrarmos que não iremos estudar agora os
métodos. Estamos apenas conhecendo de forma breve os seus princípios,
resumidamente.
a)
Palavração
Apresenta-se
um grupo de palavras, as quais os alunos deverão reconhecer pela representação
gráfica - escrita.
As palavras não são decompostas
obrigatoriamente no início do processo, são apreendidas globalmente e por
reconhecimento. A escolha de palavras também não obedece ao princípio do mais
fácil ao mais difícil. São apresentadas independentemente de suas regularidades
ortográficas. O importante é que tenham significado para os alunos.
Imagem
retirada da internet.
b) Sentenciação
Conforme
já foi dito, a proposta é partir de uma unidade de significado mais completa
que é a frase, a sentença. O aluno deve compreender o sentido da frase e
reconhecê-la. Só no decorrer do processo que ele analisará as partes menores
(palavras e sílabas). Além desse procedimento, existe um outro, que é a partir
de algumas palavras, compará-las e escrever novas palavras.
Frase:
Sábado, fui com a minha família ao Parque de Madureira.
Exemplo:
A partir dessa frase que surgiu na turma, devido às experiências do grupo, a
frase é registrada. Com ela, podemos trabalhar a oralidade, a expressão
através da conversa informal: quem sempre vai ao parque. Quem mora longe, quem
mora perto. O que tem no parque. O que gostam mais. O que deveria melhorar.
Como eles se comportam no parque. Pedir que escrevam a frase no caderno.
Entregar a frase em palavras para que coloquem na ordem como uma quebra-cabeça.
Que identifiquem as palavras da frase etc. Até chegar à construção de novas
palavras e formação de novas frases, para isso, o processo chega na
decomposição das palavras em sílabas.
c) Global
Parte
do texto, da história que é trabalhada durante certo tempo. O aluno memoriza e
entende o sentido geral do que é lido. Claro que são textos bem pequenos e
simples. Depois partem para a análise das frases, identificam as palavras,
comparando-as, ou seja, comparando suas composições silábicas.
Continuando a História...
Esses são
os dois grandes grupos que foram o motivo de disputas sobre a adoção e defesa
do método mais eficaz, o melhor método para alfabetizar.
"No
campo das concepções pedagógicas, iniciou-se “[...] uma acirrada disputa entre
partidários do então novo e revolucionário método analítico para o ensino da
leitura e os que continuavam a defender e utilizar os tradicionais métodos
sintéticos, especialmente o da silabação” (MORTATTI, 2006, p. 8), com algumas
divergências no sentido de tentar-se enquadrar a alfabetização a partir de
alguns métodos – sintéticos (das partes para o todo), analíticos (do todo para
as partes), mistos, entre outros – imbricados nos contextos atuais relacionados
à alfabetização." (Artigo Alfabetização no Brasil: Um pouco de História -
página 55)
A partir daí surgiu a busca pela construção de
métodos, modelos, concepções que dessem conta de ensinar o processo da leitura
e da escrita às crianças. Segundo Mortatti, ainda no artigo citado acima, essa
busca vem desde 1876 até os dias atuais. No entanto, ela divide essas
abordagens sobre as concepções de alfabetização em 4 fases. Ou seja, o que
estudamos até agora, nós veremos novamente, dividido por fases.
Primeira fase - fase da metodização do ensino
da leitura
De 1876 a
1890
"[...]
para o ensino da leitura, utilizavam-se, nessa época, métodos de marcha
sintética (da “parte” para o “todo”): da soletração (alfabético), partindo do
nome das letras; fônico (partindo dos sons correspondentes às letras); e da
silabação (emissão de sons), partindo das sílabas. Dever-se-ia, assim, iniciar
o ensino da leitura com a apresentação das letras e seus nomes (método da
soletração/alfabético), ou de seus sons (método fônico), ou das famílias
silábicas (método da silabação), sempre de acordo com certa ordem crescente de
dificuldade. Posteriormente, reunidas as letras ou os sons em sílabas, ou
conhecidas as famílias silábicas, ensinava-se a ler palavras formadas com
essas letras e/ou sons e/ou sílabas e, por fim, ensinavam-se frases isoladas ou
agrupadas. Quanto à escrita, esta se restringia à caligrafia e ortografia, e
seu ensino, à cópia, ditados e formação de frases, enfatizando-se o desenho correto
das letras". (MORTATTI, 2006, p. 5).
Segunda Fase - Institucionalização do Método Analítico. A utilização da
Cartilha
No
período da República.
Essa
segunda fase se caracteriza a princípio pela disputa de métodos, é o
início da organização republicana.
Com
a estruturação da República (a República no Brasil data de 1889) e a universalização
do acesso à escola, ou seja, o Brasil entende esse acesso como sinônimo de
modernização e volta sua atenção para o aprendizado da leitura e da escrita
entendendo que a Cartilha seria o recurso mais eficaz para o ensino.
Esse período foi denominado como A institucionalização do método analítico.
Importante ressaltar que ao final da década de 1910, o termo alfabetização
começa a ser utilizado para se referir ao ensino inicial da leitura e da
escrita.
As primeiras cartilhas, na
verdade, surgem no século XIX em 1834 e foram muito presentes até o século XX
muito presentes, sendo utilizadas por muitos professores nas classes de
alfabetização.
"Embora “[...] as primeiras
cartilhas [datem] do século XIX, mais precisamente no ano de 1834”, sua
utilização foi muito forte durante o século XX, sendo considerada “[...] como
uma primeira experiência na área da alfabetização, o que permitiu que a
sociedade atual experimentasse novos métodos” nesse sentido (FARIAS, 2008, p.
3.829). Logo, a cartilha passou a ser utilizada por muitos professores como
suporte para o planejamento das aulas de alfabetização.
No Brasil, um grupo de professores normalistas formados pela Escola Normal de São Paulo aos poucos foi assumindo cargos de funções diretivas na “instrução pública”, considerando a cartilha como algo moderno que vinha para concretizar o método sintético. Nesta perspectiva, por volta de 1890, a Cartilha da Infância “[...] foi adotada pelo governo paulista e depois por todo Brasil” (SANTOS, 2007, p. 340). Esse instrumento teve sucessivas edições com publicações se estendendo pelo menos até meados da década de 1990, perfazendo, portanto, aproximadamente, um século em vigor.
Os contextos sociais, culturais, econômicos e políticos, porém, foram mudando no decorrer do tempo, e outras concepções foram sendo criadas, recriadas, inventadas e reinventadas sempre com o objetivo de atender à necessidade de ensinar as crianças a ler e a escrever, o que trouxe mudanças significativas a esse processo".
(Artigo Alfabetização no Brasil: Um pouco de História - página 56 e 57)
No Brasil, um grupo de professores normalistas formados pela Escola Normal de São Paulo aos poucos foi assumindo cargos de funções diretivas na “instrução pública”, considerando a cartilha como algo moderno que vinha para concretizar o método sintético. Nesta perspectiva, por volta de 1890, a Cartilha da Infância “[...] foi adotada pelo governo paulista e depois por todo Brasil” (SANTOS, 2007, p. 340). Esse instrumento teve sucessivas edições com publicações se estendendo pelo menos até meados da década de 1990, perfazendo, portanto, aproximadamente, um século em vigor.
Os contextos sociais, culturais, econômicos e políticos, porém, foram mudando no decorrer do tempo, e outras concepções foram sendo criadas, recriadas, inventadas e reinventadas sempre com o objetivo de atender à necessidade de ensinar as crianças a ler e a escrever, o que trouxe mudanças significativas a esse processo".
(Artigo Alfabetização no Brasil: Um pouco de História - página 56 e 57)
Mas o que são Cartilhas? As cartilhas são livrinhos com lições de alfabetização. Esses livrinhos surgiram no Brasil mais ou menos em 1870 e foram muito presentes até 1980/90 Possuíam diferentes formatos, um material didático muito utilizado pelas escolas.
Aqui nesse link, você encontra fotos, imagens de cartilhas antigas. Dê uma olhadinha:
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